O Jogo do Tigrinho, uma plataforma de apostas online, tem sido associado a um aumento alarmante de suicídios e problemas financeiros em todo o Brasil. A seguir, relatamos alguns casos recentes que ilustram o impacto devastador desse vício.
A jovem Luana Campos Carneiro, de 25 anos, comoveu os moradores de Figueira, no Norte Pioneiro, ao tentar suicídio após perder uma grande quantia de dinheiro no Jogo do Tigrinho. Luana havia recebido uma herança de aproximadamente R$ 140 mil, que foi totalmente gasta no jogo. Desesperada com as dívidas, ela tentou tirar a própria vida e, após ser internada no Hospital Regional de Santo Antônio da Platina, não resistiu e faleceu na última quinta-feira (28).
Em agosto deste ano, Lourival Guarnieri, de 52 anos, também tirou a própria vida após acumular cerca de R$ 100 mil em dívidas devido ao Jogo do Tigrinho. Ex-funcionário público de Santana do Itararé, Lourival começou a jogar após um problema de saúde que o afastou de suas atividades habituais. Sua esposa, Arlete de Lourdes Azevedo, relatou que ele prometeu parar, mas não conseguiu, e acabou escondendo as dívidas da família.
Em março deste ano, um homem foi acusado de matar sua ex-companheira e a enteada de 15 anos em Bandeirantes. A motivação do crime estaria relacionada a jogos de apostas. A mulher de 39 anos havia terminado o relacionamento devido às perdas financeiras do parceiro no Jogo do Tigrinho. Inconformado com o término, ele cometeu o crime.
O psicólogo Douglas Borges, especialista em compulsão por jogos, explicou que esses jogos são projetados para estimular o sistema de recompensa do cérebro, criando um ciclo de dependência. "Para algumas pessoas, o jogo se torna uma forma de lidar com angústias, tornando o gasto excessivo algo 'normal' em sua perspectiva alterada", afirmou Borges.
A esperança de ganhar dinheiro fácil em plataformas de apostas online tem se tornado um drama para milhares de famílias brasileiras. Desde 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o uso abusivo de jogos eletrônicos como uma doença, devido aos prejuízos físicos, psicológicos e inter-relacionais que promovem. Jogadores contraem altas dívidas, vendem seus bens, fogem de casa com medo de credores e, em casos extremos, tiram a própria vida.
· Uma jovem de 22 anos foi presa acusada de desviar cerca de R$ 179 mil do avô e apostar boa parte no Jogo do Tigrinho. O caso ocorreu em Jussara (PR). O delegado Carlos Gabriel Stecca relatou que entre setembro e outubro de 2023, a neta teria feito 59 operações de saque e transferência para obter o dinheiro gasto em apostas. Ela negou os saques durante interrogatório.
· A polícia registrou mais de 500 casos de golpes relacionados ao jogo em São Paulo.
· A enfermeira Gabriely Sabino fugiu de casa após acumular uma dívida de R$ 25 mil no Jogo do Tigrinho.
· Uma mulher de Maceió (AL) perdeu cerca de R$ 200 mil em apostas no jogo do tigrinho, o Fortune Tiger. Ela relata ter sido incentivada por pessoas que se apresentam como influenciadores digitais. A polícia investiga uma série de relatos que indicam haver uma rede fraudulenta para atrair apostadores.
Esses casos ilustram a gravidade do vício em jogos de azar e a necessidade urgente de medidas pelas autoridades deste país para proteger os indivíduos e suas famílias dos impactos devastadores dessas plataformas.