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Fraudes nos Benefícios do INSS: Conexões Políticas e Medidas de Contenção

Governo tenta impedir CPI que aponta pessoas próximas do presidente Lula

Por: Cledson Santana Fonte: DIARIOD4NOTICIAS
15/05/2025 às 22h44
Fraudes nos Benefícios do INSS: Conexões Políticas e Medidas de Contenção
Frei Chico militante ocupava o cargo de vice-presidente do Sindnapi e Presidente Lula irmãos- Foto Rede Social

Investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) revelaram um esquema de fraudes em benefícios previdenciários, envolvendo descontos irregulares que prejudicaram milhões de aposentados e pensionistas. O escândalo expôs conexões entre líderes sindicais e figuras políticas ligadas ao governo, levantando suspeitas sobre o uso indevido desses recursos.

Principais Envolvidos e Entidades Ligadas à Fraude

Diversos líderes políticos e sindicais foram mencionados nos documentos investigativos, incluindo:

  • José Ferreira da Silva (Frei Chico) – Irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi/FS), entidade que arrecadou R$ 259 milhões por meio de descontos suspeitos.
  • Carlos Lupi – Ex-ministro da Previdência, acusado de não fiscalizar adequadamente os descontos indevidos.
  • Alessandro Stefanutto – Ex-presidente do INSS, afastado após denúncias de envolvimento no esquema.
  • Aristides Veras dos Santos – Ex-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), irmão do deputado federal Carlos Veras (PT-PE), suspeito de facilitar os descontos irregulares.
  • Milton Cavalo – Presidente do Sindnapi e dirigente do PDT, partido de Carlos Lupi.

As entidades sindicais investigadas incluem:

  • Sindnapi/FS (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos)
  • Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura)
  • Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares)
  • AAPEN (Associação de Aposentados e Pensionistas Nacional)
  • Adpap Prev (Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas)
  • Caap (Caixa de Assistência dos Aposentados e Pensionistas do INSS)

Outras entidades ainda estão em apuração no total são 32 empresas.

Medidas Tomadas para Conter o Esquema

Diante das denúncias, o governo e as autoridades adotaram algumas medidas:

  • O INSS notificou 9 milhões de beneficiários sobre descontos indevidos, permitindo que solicitem ressarcimento.
  • O governo suspendeu novos descontos em benefícios ligados a entidades sob investigação.
  • A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em diferentes estados para identificar os responsáveis pelo desvio de recursos.

CPMI do INSS e Apoio Político

A tentativa de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) ganhou força com a oposição, que reuniu 223 assinaturas de deputados e 36 de senadores, superando o mínimo necessário

Por outro lado, nenhum parlamentar do PT ou do PSOL assinou o requerimento, e o PDT, que controlava o Ministério da Previdência até a exoneração de Carlos Lupi, também não apoiou a CPMI.

Contudo, um político ligado ao PT surpreendeu a base governista ao aderir à CPI na noite desta quinta-feira, causando espanto e mudando a dinâmica da investigação no Congresso. O movimento inesperado gera repercussões políticas e pode impactar o posicionamento de outros parlamentares do partido.

O requerimento precisa ser lido em sessão conjunta do Congresso antes da votação. A previsão é que isso ocorra em 27 de maio, junto à análise de vetos presidenciais. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), demonstrou resistência à criação da comissão, alegando que o caso já está sob investigação da Polícia Federal e da CGU.

Medidas no Governo Bolsonaro

Durante o governo Jair Bolsonaro, a Medida Provisória 873, editada em 1º de março de 2019, dificultou a cobrança de contribuições sindicais, exigindo autorização prévia, expressa e individual do trabalhador, com pagamento exclusivamente por boleto bancário, proibindo o desconto automático em folha. A MP buscava reforçar a Reforma Trabalhista de 2017, que havia tornado a contribuição sindical facultativa, mas perdeu validade após 120 dias sem votação no Congresso.

Em 2023, o Congresso aprovou a Lei 14.611, permitindo que sindicatos voltassem a negociar contribuições coletivas em acordos e convenções, desde que houvesse previsão expressa no contrato. Partidos da base governista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo PT, PSOL, PCdoB, PDT e PSB, apoiaram a flexibilização da regra, o que gerou críticas por parte da oposição e do setor empresarial, que alegam que a mudança poderia reintroduzir a cobrança compulsória de contribuições sindicais.

O avanço das investigações pode trazer novos desdobramentos, especialmente com o andamento da CPMI e a resposta das autoridades responsáveis pela fiscalização dos recursos previdenciários.

 

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